terça-feira, dezembro 16, 2014

R O U P A G E M 



No primeiro verso
de tiro curto
Rasgo a tira
de uma fina seda
Fiapo legado
de impreciso corte
Só um pedaço
de pano em surto

Até porque a peça
Se inteira é fugaz
A força da mão
decreta a morte
E num outro verso
o fio se desenrola
Sem o modista
o pano é sem sorte

Costuro só os retalhos
Sobras da paz
Bem pude aprender
que qualquer fio enreda
E vestes de luxo
atraem o furto
Raso fim do poema
para roupa de porte

quarta-feira, setembro 17, 2014



TIRETA CANDENTE


Não mais
acredito
No encanto
de estrelas
Cadentes
No entanto
Aclarado à luz
de velas
Suo descrentes
calores
No mais
Agora
sempre repito
Incandescentes
Ideias

quarta-feira, setembro 03, 2014



Recipiendário


Nem sempre desejou
Tampouco pediu
Mas eis que recebeu


 Não protestou
Nem mesmo balançou
Tampouco faliu
 

Mas olhou para o céu
E então reclamou ...

segunda-feira, julho 07, 2014

Calendário 

Viver  é como viajar
Pelas caixas do calendário
Como se encaixar
Em dias ditos úteis

Ou em inúteis vias
De papéis de formulário
Não é simples contagem
Nem uma mera estatística

É um vai-e-vem
Da jornada fantástica
Correria e desvantagem

Onde sempre se tem
Números para superar
E um feriado no obituário

quinta-feira, janeiro 16, 2014

INCONCLUSÃO




Em que lugar do grão armário
Estará guardada a última linha
Que conclui o libelo prescrito

Talvez nem seja ponta d´espinha
De um texto que não foi escrito
É incompleto, é vazio e temerário

Verso parido por aluno primário
Que no sexto ainda não detinha
A chave que dá o acesso restrito

Talvez incesto de vocábulo áureo
Alfabeto frio de moço de rinha
Briga inconclusa de outro distrito