segunda-feira, novembro 23, 2020


 

Intimidades

 

Todas as pessoas
guardam lembranças
De tempos passados,
E de coisas vividas
Das ideias defuntas
que não viraram coisas
E mesmo daquelas coisas
loucuras não vividas
Nem tudo o que foi pensado
Foi semente e virou mato
Sendo , porém fato
que tudo isso sobrevive
O perturbador silêncio
que se encerra
Que habita as entranhas
do nosso ser
Que convencionaram
chamar de íntimo
Intimidades conceituais
que não se compartilham
Que só escapam
Vez por outra
para rápidos passeios
No charme de estreitas ruas
paralelepípedos de poesia

quinta-feira, novembro 12, 2020

 


SÓ DEPOIS

 

Depois de um certo tempo

Que é o tempo vivido

E que alguns chamam

Pelo nome de experiência

Aprendemos a respeitar

a acreditar na nossa intuição

Passamos a ler e interpretar

a linguagem dos sinais

Desmascaramos as antigas

E enferrujadas mentiras

Descortinamos a realidade,

mesmo quando essa realidade

nos atinja e nos  machuque

Dizer que a dor não se faz presente

seria mentir ,

porém, convém que fique claro:

- melhor assim !!!

terça-feira, janeiro 14, 2020


Papéis


Um rolo comprido de papel

Que se esvai na limpeza

Até virar só um lixo fétido

E que é descarte

Na frente da mão que escreve

Surge um outro tipo de papel

Reservado para a delicadeza

Do verso que urge ser lido

E que comparte

Com outro fim um outro papel

Sim, a vida reserva papéis

Para todo aquele que se atreve

Um branco liso e sem aspereza

E que reparte

Outro carmim bruto e parido

Todos são filhos do papiro

Ancestrais da pedra já polida

Embrulho em celofane decorado

Onde é encarte

O Papel aveludado com a gema

Que prende pessoas a papéis

Em ambiente de mor destreza

Ciclo natimorto de celuloses

Papéis que viajam do luxo

Para o lixo ....