sexta-feira, dezembro 30, 2011


Entendimento



Se antes de entender
Tua visão for ofuscada
Pela névoa obscura
Não temas a escuridão

Decide-te por discorrer
A lente é areia queimada
E desvendar essa mistura
É só uma fresta da lição

Busca a essência do ser
Taça de cristal quebrada
Moldando raça e cultura
Imune ao fio da emoção

Terás então a idéia madura
Útero de mente fecundada
Darás à luz a arte de antever
A complexidade da criação

terça-feira, dezembro 20, 2011

A Pulquéria – A Gruta e o Turismo


A Pulquéria – A Gruta e o Turismo



A lenda da Pulqueria , que já foi objeto de versos deste escriba , está vinculada a um lugar belíssimo, onde a natureza se mostra exuberante num casamento de vegetação com pedras que formam cavernas e águas correndo e caindo de cascatas. Tudo conjugado com cultura e lendas invulgares . Em qualquer lugar do mundo, uma natureza que assim se apresentasse seria logo identificada como um produto turístico, mas não aqui no Brasil .

Faz algum tempo que me instiga o tema do turismo , da hotelaria e das potencialidades abandonadas aqui no Brasil . Nunca neguei a meus leitores que me irrita a leitura das notícias que dão conta de Buenos Aires como a cidade mais visitada da América do Sul. Inquieta-me a repetição de estatísticas mostrando evolução do turismo como negócio tratado como prioridade em outras nações, e nós aqui passivos, atônitos ante a inércia de nossos governantes e uma ganância preguiçosa de nossos empresários.

Numa tentativa de despertar consciências e provocar debate escrevi as crônicas “O preço dos hotéis no Brasil” e “Caros e Sujos”, que estão sendo bastante apreciadas nos sítios virtuais onde estão publicadas.

Quando me vem à mente a beleza do inexplorado “Salto do Yucumã” na região norte do Estado do Rio Grande do Sul, reconhecido como a maior queda de águas do mundo no sentido horizontal , a tristeza invade minha alma. Uma paisagem de beleza inigualável no planeta em cujo entorno simplesmente inexiste qualquer estrutura profissional de exploração turística.

Na pequena cidade de São Sepé, no mesmo estado do Rio Grande do Sul, a situação não é nada diferente pois assim como o Salto do Yucumã , a Cascata da Pulquéria está encravada na mata e sequer há um acesso seguro e confortável. Quem chega nela o faz por insistência e curiosidade, e uma vez chegando até lá se deleita com a beleza do local.

Na mesma região existe a chamada “Gruta do Marco” também vinculada às lendas da índia Pulquéria e de seu amado consorte, o valente índio Sepé Tiarajú . Escondida em meio à mata fechada a Gruta do Marco reúne uma série de galerias – seriam segundo os exploradores sete cavernas – no interior das quais se abrigaram no passado a bela Pulquéria e o Cacique Sepé.

Custa a acreditar que nenhum governo e nenhum empresário tenham destinado recursos para a exploração de tamanhos ícones de turismo , pois quando se tem num mesmo lugar a beleza doada pela natureza conjugada a uma lenda e a personagens de um passado místico, é quase irracional descrever um contexto de abandono como o que vem plasmado nesta crônica.

Nada tenho contra os argentinos e menos ainda com o fato de Buenos Aires ser a cidade mais visitada da América do Sul, mas penso que em termos de beleza e de potencialidade turística o Brasil tem muito mais a mostrar e minha convicção é a de que temos falta de políticos e empresários à altura de tanta beleza e de tanta potencialidade.

Como quem vos escreve tem no verbo e nas palavras sua única riqueza , fica ao menos a missiva que denuncia algumas das razões pelas quais o Brasil , não obstante tanta riqueza , ainda não figure como um dos destinos turísticos eleitos pelos milhões de viajantes que anualmente se deslocam pelo mundo , ávidos pelo registro de lugares como os aqui descritos , onde a natureza se associa à história e às lendas e para não dizer que tudo está perdido , quiçá me reste a esperança de que algum investidor leia este artigo e resolva resgatar esse tesouro ...







terça-feira, dezembro 06, 2011



UM NOTÁVEL MAÇOM



Se estivesse vivo ele comemoraria seu aniversário neste mês de dezembro – no dia 28 – e falo de um personagem cujo nome honra as fileiras da MAÇONARIA . Irineu Evangelista de Souza , mais conhecido na história como Barão ou Visconde de Mauá, ostenta uma biografia que merece ser reverenciada e perpetuada.

Desafiando todas as adversidades da vida o menino Irineu com apenas 11 anos de idade e já órfão, com passagens pelas ruas como engraxate e biscateiro , foi resgatado por um tio que era capitão da Marinha Mercante e levado para o Rio de Janeiro, então capital do Império do Brasil.

Na metrópole obteve emprego como balconista de uma loja de propriedade de um inglês chamado Ricardo Carruthers, quem se ocupou de ensinar e preparar o menino para a vida . Com os anos chegou a ser gerente dessa loja e nesta condição viajou para a Europa e conheceu a moderna indústria que florescia na Inglaterra.

Voltou ao Brasil disposto a revolucionar a economia e de imediato lançou-se à indústria naval montando aquilo que seria o primeiro grande estaleiro do País. Organizou a maior companhia de navegação e montou empresas pioneiras no transporte ferroviário, além de construir a primeira rodovia pavimentada do Brasil.

 
Depois de plantar a semente da indústria nacional lançou-se no mercado financeiro criando o Banco Mauá e foi fundamental no desenvolvimento da Praça financeira no vizinho país do Uruguai, onde instalou o primeiro Banco da história uruguaia. Graças a sua intervenção o Brasil assegurou o acesso ao Mato Grosso via navegação pelos Rios da Prata, Uruguai e Rio Paraná . Muito provavelmente não fosse isso, o Brasil teria perdido a soberania sobre esses estados, pois não existia outro acesso viável naquela época.

Com a falência do Banco Mauá , na famosa crise bancária de 1864 , e já vitimado pelos efeitos da enfermidade (diabetes) , Irineu Evangelista de Souza declinou nos negócios, mas cuidou de pagar cada um de seus credores, morrendo pobre , porém dignamente .


Deixou um legado de decência que merece ser repercutido, sobretudo nos dias atuais onde a desonra – a perfídia – a traição e a corrupção corroem conceitos de pátria e minam o cotidiano de notícias ruins. Livre e de bons costumes, IRINEU EVANGELISTA DE SOUZA é homem justo e perfeito que como tal deve ser reverenciado por todos nós que nos entregamos às oficinas de nossa sublime Ordem.